- A língua portuguesa é falada por milhões de almas por esse mundo que império já foi. É uma língua variada e diversificada, ambígua e redundante, é um monstro vivo pronto a demonstrar o seu glorioso poder. Mas, e no entanto também, este artigo não ascende a análise intrínseca da cultura associada a língua, é sim a reflexão cuidada sobre três pilares da construção desta, e aliás, de qualquer outra língua decente (pita-script é válido mas apenas se escrito em ISO8859-15, latin9 para os amigos). São os referidos pilares a morfologia, sintaxe e semântica. Sendo a definição rigorosa de cada um destes termos pouco interessante para um estudo efectivo deste tema, deixamos para o leitor a recomendação da consulta complementar de fontes dignas como a wikipedia, livros da porto-editora, ou até, a famosa gramática da Abelhinha onde estes assuntos foram abordados com formalismo e evidente profundidade. Passamos agora ao estudo dum exemplo clássico, como meio de abordagem e explanação dos conceitos em causa. O vocábulo *caralho* é conhecido por todos, utilizado por muitos e compreendido por poucos. É uma expressão enraizada na comunicação oral, a par de outras como "é assim..." "pá...." "...é tipo uma sena 'tás a ver?" ou mesmo "O númaro treuze". Sendo a gramática de qualquer língua natural construída partir da loção de contexto convém (não é que seja realmente importante) introduzir esta noção para melhor compreensão do leitor. Contexto - Coisa complicada que altera o sentido de outras coisas as quais dependem do contexto em que é utilizada a palavra coisa. Morfologia: A nível morfológico (do grego morfos, forma) *caralho* pode assumir várias formas. Nome Comum: "Caralhos me fodam." Adjectivo: "Então, meu caralho?" Interjeição: "É, caralho!" Nome próprio: "Caralho?!, quem é que se chama Caralho, caralho?" Sintaxe: *Caralho* pode, tal como na análise morfológica, ser encontrado em várias funções da sintaxe frase, dependendo do contexto em que é aplicado. Sujeito: "O caralho...." Complemento directo: "ele não fez um caralho hoje." Complemento circunstancial de lugar:"Vai p'ró caralho." Vocativo: "Anda cá, caralho!" Semântica: Considerando esta uma questão propícia a ferir susceptibilidades deixamos mais uma vez como reflexão ao pensativo leitor as variadas diversas aplicações da palavra *caralho* em termos semânticos. Concluímos assim, que para além de acharmos o novo acordo ortográfico uma boa merda, caralho; a língua portuguesa é rica, flexível, e abrangente, sendo a palavra *caralho* um dos exemplos mais flagrantes e incontestáveis destas tão importantes propriedades.
sábado, 19 de abril de 2008
Forma, Sintaxe e Semântica
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
3 comentários:
....(speechless)
(woke up)
Epah.... grande!
Grande trabalho sim senhora, mereçe esta no corredor de honra.
Assustador no início da leitura,
divertido no final.
BTW, faz me lembrar o video THE F-WORD que vi no youtube..
Fiquei deveras elucidado com tão sistemática análise dos três grandes caralh--- pilares da nossa língua.
Na análise sintática faltou foi o exemplo em que a dita palavra representa um complemento indirecto.
o seguinte exemplo ilustra tal situação, com a primeira frase a ser introdutória:
"O Zacarias quer ter um *caralho* como o dos pretos."
"O Zacarias fez uma operação ao *caralho*"
como vemos, o caralho é um gajo multifacetado xD
sim sr, o grande xô rui quando posta é a sério =D, o que se pode chamar de uma leitura do caralho ^^
omg multifacetado xD será que a dor que o c*r*lho sente, é verdadeiramente, a dor sentida, ou simples fingimento? hehehe
Enviar um comentário